segunda-feira, 2 de abril de 2012

Passeio ao Almourol

31/03/2012

O dia começou com a chegada à Estação de Santa Apolónia. Primeira notícia, há greve dos Maquinistas da CP, há a possibilidade de não haver o comboio que faz a ligação no Entroncamento a Vila Nova da Barquinha e ao apeadeiro de Tancos. Café tomado e bilhete com 'carimbo' manuscrito que diz "Greve" (é ridículo, eu sei), lá se segue viagem. [Mais greves, mesmo com todas as condições, privilégios e regalias que a CP dá, para além de terem uma média salarial bastante alta, continuam a lixar a vida às pessoas que necessitam deste meio de transporte tão importante que é o comboio (continua a ser o meu meio de transporte preferido)].

Paisagem apagada de imensas fábricas paradas no tempo e na história, rio Tejo de um lado e um grande conjunto de ruínas e locais abandonados do outro, passando por várias localidades. É triste pensar neste país que morre aos poucos, pois basta olhar para a paisagem desolada que nos mostra essa morte lenta e terrível. 

Quando se chega ao Entroncamento, estação que faz mais ligações ferroviárias do país, não há comboio regional, não há previsão de quando haverá, não há autocarros (é Sábado), bicicletas para alugar também não (seria realmente uma boa solução para turistas e visitantes de outras partes do país que querem ver a região), resta ir de Táxi ou a pé. Depois de algumas indicações como "é já ali" e "quinze a vinte minutos e estão lá", chega-se a Vila Nova da Barquinha a pé, cinquenta minutos mais tarde.

 

Vila Nova da Barquinha é uma terra agradável, tem um parque à beira Tejo, que está muito baixo nesta altura de seca, muito bem arranjado, tem casas características, alguma cor, mas também ruínas. Aldeia prazenteira e sossegada, faz parte do festival gastronómico do Mês do Sável e da Lampreia, que acontece pelo 18º ano consecutivo. 


Entre 18 de Fevereiro e 8 de Abril, o concelho de Vila Nova da Barquinha, banhado por três rios - Tejo, Zêzere e Nabão - que tem nos rios a sua principal fonte de sabores, promove o Mês do Sável e da Lampreia através da autarquia e dos restaurantes locais. Os oito restaurantes aderentes promovem a cozinha típica e tradicional para "dar a conhecer a gastronomia do concelho e contribuir para o desenvolvimento da economia local, nomeadamente no campo da restauração." 

Açorda de Sável e Arroz de Lampreia são receitas características com forte tradição e altamente recomendáveis e que estão em destaque e à disposição dos clientes nas ementas de A Tasquinha da Adélia, Soltejo e Palmeira (na Barquinha); a Carroça (em Limeiras); Almourol (em Tancos); Platina (em Cardal); e O Chico (na Praia do Ribatejo).

O almoço é no Restaurante Soltejo (bastante recomendável), no qual provo a Açorda de Sável (divina) e como Lombinho de Fataça à Lagareiro, acompanhado de um vinho verde, sobremesa Tentação de Chocolate (era mesmo uma tentação e estava deliciosa) e café para terminar, com uma vista linda e agradável para o reio Tejo e parte da Barquinha.




Como não apetece andar vários quilómetros a pé, segue-se de Táxi até à Escola de Tropa Pára-quedistas, onde, de passagem e por milagre, consigo 'sacar' uma foto da entrada. Chega-se ao meu maior objectivo, o Castelo de Almourol, situado numa ilhota do rio Tejo. Apesar do tempo cinzento e da quase constante promessa de chuva, consegui tirar algumas fotos bonitas. O passeio de barco é agradável e bonito, a paisagem acolhedora, remete para o passado histórico em tempo idos do nosso país. 

Sob tutela do Ministério da Defesa, o Castelo de Almourol evoca os primórdios do Reino de Portugal e da Ordem dos Templários e está associado a uma aura de mistério, lendas e romantismo. Certamente de origem romana, o castelo foi reedificado em 1171 por um Mestre da Ordem dos Templários, fez parte da linha de defesa do Tejo na altura da reconquista da Península Ibérica integrado no plano estratégico delineado por D. Afonso Henriques e calcula-se que tenha sido habitado até 1600. Sofreu estragos com o Terramoto de 1755 e continuou a degradar-se com o tempo. Na segunda metade do século XIX foi entregue ao Exército Português sob a responsabilidade do Comandante da Escola Prática de Engenharia de Tancos e foi classificado Monumento Nacional em 1910.

A Construção "em cantaria de granito e alvenaria argamassada, é de planta irregular (orgânica), reflexo da irregularidade to terreno, e apresenta uma divisão demarcada em dois níveis, um exterior e outro interior mais elevado" oferece uma paisagem sublime, tanto do castelo em si, como de toda a envolvente e arredores e atrai imenso turistas ao longo de todo o ano.

Para mais informações: 
Detalhes para as visitas: 



        


Bebe-se uma água das pedras no café do Almourol e ganha-se fôlego para mais uma caminhada até Tancos (esta mais pequena e mais rápida). Um passeio dentro de Tancos e um café ao final da tarde no bar A Confraria, com decoração antiga, utensílios esquecidos pelo tempo e mesas redondas de pedra num ambiente agradável e calmo que irá deixar saudades. 

Chama-se novamente um Táxi, desta vez para voltar ao Entroncamento, onde se descobre que afinal os comboios tinham estado a passar (alguns, pelo menos). Espera-se pelo próximo Intercidades que nos trás de volta a Lisboa e à azáfama urbana, onde, com o cansaço a dar finalmente sinal de vida, ainda se assiste à segunda parte do Benfica-Braga, enquanto se come as últimas fatias de pizza disponíveis e se grita o golo da vitória já quase sobre o apito final.

O dia foi maravilhoso, apesar de alguns percalços, a companhia foi a melhor e chego ao final do dia com a sensação que para o ano se deve repetir este passeio, para recordar, matar saudades, degustar comida muito boa e ver paisagens divinas. 

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