São poucos os autores que me conseguiram cativar em tão pouco tempo, mas Ursula K. Le Guin está no topo da minha lista. Em apenas três anos, tornou-se na autora que mais leio e, definitivameente, na minha preferida. Neil Gaiman (que fica no segundo lugar nas categorias que acabei de mencionar), apresentou a autora nos National Book Awards, que recebeu a "Medal for Distinguished Contribution to American Letters". Na sua apresentação, Neil Gaiman fala de The Wizard of Earthsea, que leu na infância e de The Left Hand of Darkness que leu apenas com 12 anos, do estilo tão limpo da autora, das suas palavras tão precisas e bem escolhidas, dos seus ensaios, da forma como ela o ajudou a ser um escritor e uma pessoa melhor. Da ficção à não-ficção, da fantasia à ficção científica, da escrita infantil à escrita para adultos, ou à ficção de mainstream, Ursula K. Le Guin, é uma escitora com grandes ideias e ideais, é uma gigante na literatura.
No seu discurso de aceitação, Ursula K. Le Guin, fez questão de relembrar os seus colegas da fantasia e da ficção científica que, muitas vezes esquecidos, viram os prémios literários a ser entregues aos chamados "realistas":
I rejoice in accepting it for and sharing it with all the writers who were excluded from literature for so long: my fellow authors of fantasy and science fiction. Writers of the imagination who, for the last fifty years, watched the beautiful awards go to the so-called "realists".
A autora salientou os tempos difíceis que se avizinham para os escritores em termos do mercado e da arte da escrita, lançando um aviso sobre o poder do capitalismo e apelando à resistência nem que seja através das palavras, acabando o discurso relembrando que o prémio dos escritores e das editoras não deve ser o lucro, mas sim a liberdade:
I think hard times are coming, when we will be wanting the voices of writers who can see alternatives to how we live now, and can see through our fear-stricken society and its obsessive technologies, to other ways of being. And even imagine some real grounds for hope. We will need writers who can remember freedom: poets, visionaries - the realists of a larger reality. Right now, I think we need writers who know the difference between production of a market commodity and the practice of an art...
The profit motive is often in conflict with the aims of art. We live in capitalism. Its power seems inescapable. So did the divine right of kings... Resistance and change often begins in art, and very often, in our art - the art of words.
The profit motive is often in conflict with the aims of art. We live in capitalism. Its power seems inescapable. So did the divine right of kings... Resistance and change often begins in art, and very often, in our art - the art of words.
I have had a long career and a good one. In good company. Now here, at the end of it, I really don’t want to watch American literature get sold down the river. We who live by writing and publishing want - and should demand - our fair share of the proceeds. But the name of our beautiful reward is not profit. Its name is freedom.
Abaixo, fica o vídeo completo com a apresentação de Neil Gaiman e o discurso de Ursula K. Le Guin, que merece inteiramente esta distinção por uma carreira diversificada e absolutamente cheia de talento em todas as áreas a que se dedicou ao longo da vida:
Neil Gaiman presents lifetime achievement award to Ursula K. Le Guin at 2014 National Book Awards from National Book Foundation on Vimeo.
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