A série
DC's Legends of Tomorrow não é assim tão lendária quanto se fazia esperar. A nova série do canal The CW é um
spinoff das séries
Arrow e
The Flash e estreou com uma boa audiência tendo em consideração o canal em que passa. Embora tenha alguns momentos que até são interessantes, deixa muito a desejar, sobretudo no que à maior parte das personagens diz respeito. É sempre difícil manter o equilíbrio com tantas personagens envolvidas, principalmente quando estão todas no centro da acção. A série consegue manter um certo equilibrio dando espaço a todas para terem seu momento e percebo o que os argumentistas querem fazer com a série, mas ficou quase tudo aquém das expectativas. Achei algumas partes bastante divertidas, sobretudo as cenas de porrada e luta, deixando muito pouco espaço para as partes mais séries, sem o dramatismo necessário. O vilão é muito fraquinho e da equipa reunida, apenas alguns se salvam.
A história começa quando Rip Hunter (Arthur Darvill que entrou na série do
Doctor Who)
viaja para trás no tempo, para a actualidade, para reunir uma equipa de
heróis e vilões de forma a tentar impedir Vandal Savage de destruir o
mundo e o próprio tempo. Entre os membros da equipa que Rip tenta reunir
estão Sara Lance e Ray Palmer que fizeram parte do elenco da série
Arrow; o Professor Martin Stein, Leonard Snart, Mick Rory e Jefferson "Jax" Jackson que fizeram parte do elenco da série
The Flash; e ainda Chay-Ara e Khufu (que apareceram no último
crossover de
Arrow e
The Flash), um casal que tem reencarnado ao longo de milénios.
Vou começar pelo vilão e depois vou falar dos supostos heróis por ordem do que mais gosto até ao que menos gostei.
Vandal Savage tinha sido apresentado no crossover das séries The Flash e Arrow, mas os seus motivos são verdadeiramente básicos: sede de poder e de dominar o mundo e ter o amor de uma pessoa que nunca gostou dele. Se não pode ter o amor, então mata-a, assim como ao seu apaixonado sempre que os encontra ao longo da sua imortal vida (sim, ele é imortal e só pode ser morto com um punhal especial - vá lá, é síndrome da maior parte dos vilões, é o todo poderoso que só pode ser travado de uma forma? E arranjar alternativas, não?) e tenta dominar o mundo, coisa que vai conseguir no futuro. A verdade é que este vilão não só não me convenceu no crossover das outras séries, como também não me convence nestes dois episódios. A sério, fiquei mais impressionada quando vi Damian Darhk (vilão da quarta temporada de Arrow) no leilão da ogiva nuclear do que quando o Savage aparece. Creio que isso diz tudo sobre o vilão).
Leonard Snart/Captain Cold acaba por ser quase a alma dos heróis, uma vez que ele não o é de todo. As intenções malignas estão lá sempre e a língua afiada recheada de ironia e sarcasmo geraram alguns dos melhores momentos dos episódios. Relutante em ajudar, acaba por o fazer mas sem pelo meio tentar lucrar e beneficiar das situações.
Vou colocar a Sara Lance/White Canary em segundo lugar só porque já gostava imenso dela na série
Arrow. Se é para lutar ela está lá, mas sem nunca deixar de tentar divertir-se enquanto o faz, até porque ela gosta imenso de dar porrada. E essa parte funciona bem, porque as cenas de luta dela estão muito boas, como já acontecia em
Arrow. Esperava que ela tivesse mais protagonismo, mas suponho que tem de haver lugar e tempo para todos. Ela era uma personagem tão bem trabalhada em
Arrow ao contrário do que sempre fizeram com a irmã, Laurel Lance. Mas esperemos que fique mais interessante e melhor nos próximos episódios.
A grande surpresa até agora é a personagem do Mick Rory/Heat Wave. Digamos que ele está muito melhor do que na série
The Flash, para além de estar mais falador, a sua dinâmica com o Snart e o resto da equipa está a funcionar bem.
O Arthur Darvill que ficámos a conhecer na série Doctor Who é agora Rip Hunter (no Doctor Who era um viajante do tempo e espaço, agora é uma Mestre do Tempo (Time Master, foi provido de uma série para a outra, sendo agora o equivalente a uma espécie de Time Lord?) que vai contra os outros Time Masters para tentar neutralizar Savage, roubando uma nave (que até é mais ou menos - e não, não a vou comprar à Millennium Falcon que nunca foi a minha preferida, mas sim à Serenity, uma das melhores naves espaciais de sempre - mas está razoável no que a naves diz respeito, embora também não seja espectacular). Rip Hunter é espectacular no primeiro episódio quando engana a malta toda, mas torna-se chatinho no segundo episódio quando tenta ser bonzinho. Não há nada de errado em tentar enganar a malta para atingir o fim de acabar com um dos maiores vilões de todos os tempos (segundo o que nos dizem na série), o homem é terrível, há que fazer tudo e mais alguma coisa para o impedir de dominar o mundo e o Rip Hunter do primeiro episódio estava disposto a tudo e manipula bem toda a situação. O do segundo já não parece nada seguro de si e apenas o vemos a criticar a sua nova equipa e a lamentar-se, infelizmente.
O Firestorm é provavelmente a personagem mais poderosa, mas oscila muito entre o Professor Stein que me foi conquistando ao longo dos episódios de
The Flash em que apareceu e que tem evoluído bastante, chegando a ter alguns momentos muito bons. Depois há a outra parte do Firestorm, o Jefferson "Jax" Jackson, que não está mal, mas nunca chega a ser memorável: numa parte diz que não quer fazer parte da equipa e até parece um miúdo mimado, para depois dar discursos sérios e responsáveis.
Nunca fui muito fã da personagem do Ray Palmer na série
Arrow e confesso que também não sou muito fã dele nesta série. Passou de uma personagem sem perspectivas em
Arrow para uma personagem que parece um miúdo entusiasmado com tudo o que é tecnologia (pois, ele também era um pouco assim anteriormente), para apenas dois momentos melhorzitos, quando diz "Whoops!" e quando tem uma discussão e uma conversa engraçada com Snart no segundo episódio.
Por último, as duas personagens que deviam ter mais destaque, uma vez que são as duas que estão mais relacionadas com o Savage, passam os dois episódios a ter momentos chatos e nada decisivos para no fim um deles, o Hawkman, ser morto pelo Savage que já tinha feito isso centenas de vezes ao longo de milénios. Não deviam ter aprendido já alguma coisa com essas mortes? E a única coisa que era interessante, o facto de ela, a Hawkgirl (porque é que ele é Hawkman e ela é Hawkgirl em vez de Hawkwoman?), não se lembrar do amor eterno que eles estão destinados a viver e o episódio terminar com a ela a lamentar-se que se recordou antes de lhe conseguir dizer que se lembrava e agora está super triste. Era muito mais interessante se ela se lamentasse a dizer que não se lembrava de o ter amado tanto e que agora não ia descobrir nesta vida, uma vez que eles vão voltar a encontrar-se noutra vida.
Portanto, a série é divertida e tem cenas de luta boas, mas falta-lhe um argumento mais interessante, bem mais polido, com personagens mais bem trabalhadas e com motivos mais verosímeis e mais algum drama nos momentos mais lixados, porque o divertimento já lá está, só falta o resto!