domingo, 30 de março de 2014

Ficção Curta (1)

"The Nameless City", H. P. Lovecraft
Publicado em The Wolverine, um jornal amador, 1921

Comecei finalmente a ler os contos do Necronomicon de H. P. Lovecraft! O conto "The Nameless City" leva-nos às ruínas de uma cidade mais antiga do que a civilização humana, nos desertos da península da Arábia.

O narrador revisita este local perdido e esquecido no tempo e na história, construído em tempos idos por grotescas criaturas rastejantes, cruzamentos de répteis que ainda são preservados nas camaras subterrâneas da cidade juntamente com os hiéroglifos que contam a sua história. Creio que o que impressiona mais no conto é a solidão e tristeza impregnadas nas palavras do narrador, assim como toda a descrição das criaruras.
 
"A Study in Emerald", Neil Gaiman
Publicado na Antologia Shadows Over baker Street, 2003

O conto de Gaiman revisita o mundo de Sherlock Holmes e o universo de terror de H. P. Lovecraft. Venceu o Hugo Award para Best Short Story em 2004 e o Locus Award para Best Novelette em 2005. Foi publicado pela primeira vez na Antologia Shadows Over Baker Street, uma colecção de histórias que misturam os mundos criados por Arthur Conan Doyle e H. P. Lovecraft. Também aparece em Fragil Things, uma colecção de contos de Neil Gaiman, todos com uma pequena introdução do próprio autor.

Gaiman pega em dois mundos diferentes e cria a sua própria história de mistério e investigação com um tom sobrenatural sempre presente. Sem identificar explicitamente o nome das personagens (só no fim), é necessário ser um grande conhecedor do mundo de Doyle para apanhar os vários detalhes dipostos ao longo da narrativa. No entento, a história é cativante, prende o leitor do início ao fim, e reserva algumas surpresas.

“Immersion”, de Aliette de Bodard
Publicado na Clarkesworld #69, 2013

"Immersion", o conto de Aliette de Bodard, foi nomeado para o Nebula Award e para o Hugo Award na categoria de Best Short Story. O conto leva-nos a um mundo onde existe o immerser, um dispositivo que permite a quem o utiliza projectar uma imagem idealizada do que uma pessoa parece e sabe e não o que a pessoa realmente é, explorando questões de identidade, as diferenças entre a cultura global e uma cultura simples e mais “pura”, ou a oposição entre uma pessoa livre do immerser e uma completamente possuída e presa nas camadas do immerser.

A história é uma crítica aos malefícios das tecnologias avançadas e a forma como as mesmas moldam e projectam aparências em detrimento do real e verdadeiro, mas a uma escala galáctica que dita as diferenças entre os superiores galácticos e os independentes inferiores.

“The Black Cat”, de Edgar Allan Poe
Publicado no The Saturday Evening Post, 1843

Normalmente, os contos do Poe causam-me algum desconforto, mas também fascínio. Na adolescência li “The Mask of the Red Death”, que nunca esqueci e quando a reli mais tarde tornou-se uma das minhas preferidas.

Já “The Black Cat” causa-me arrepios. O conto é uma crítica aos malefícios do alcoolismo, explora a forma como a culpa pode perseguir a alma humana e avisa-nos que por melhor que se tente esconder a monstruosidade dos nossos actos, acabamos sempre por ser desmascarados, explorando ainda a sanidade mental e a loucura. É arrepiante a transformação do narrador, desde a tranquilidade de uma vida cheia e feliz, para a prisão do alcoolismo, sendo possuído pela raiva e violência, passando pelos fantasmas da culpa e pelo homicídio, até ser desmascarado.

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